Um blog da diáspora blasée


26.1.09

Burguesinha

23.1.09

O melhor que há em mim

Rita Horizonte 17 anos pediu ao ginecologista de sua mãe que rapida e assepticamente a desvirginasse com um estilete. Trocando em miúdos, como na música do Chico Buarque, porque odiava pensar na possibilidade de uma carnificina desajeitada perpretada pelo amor de sua vida, Pedro Pestana, louco por chegar a vias de facto e cansado de limpar tanto fluido agridoce com papel higiénico.

22.1.09

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Isto sim. Parece-me muitooooooo bem. Eduardo Pitta on Transa Atlântica. Eu cá comprei 51 que é pra ajudar. E a página online da Ípsilon não está tão linda?

21.1.09

Mulheres portuguesas nao jantam sozinhas nem comem tremoços

Nas idas a Lisboa vou muitas vezes sozinha à Portugália. Eu gosto da Portugália. Principalmente desde que o Império fechou e me deixou orfã dos bifes da minha infância, adolescência e suposta idade adulta. E já agora que me sentei aqui para escrever, que chove la fora como se o mundo fosse acabar e que nas músicas aleatórias do Ipod me calhou a melancolia do Sting, acho-me intensamente capaz de chegar mais longe e ultrapassar a linha do bom gosto e ficar uma puta sentimental. No Império resolvi brigas familiares, recebi notas de quinhentos escudos da minha querida avó, ouvi conselhos à minha tia, ao meu pai impecavelmente vestido e ainda em horário laboral quando chumbei o nono ano com nega a Matematica, Física e Quimica e Desenho. Almoçava no dia de anos e ouvia os Ferreira Marques discutirem as jogadas do Jordão e as defesas do Michael Schumacher e era muito feliz, claro, sem saber.
Agora almoço ou janto sozinha na Portugália, tentando a todo custo esquecer o molho do Império e depois comentando que afinal os bifes nao são tão maus assim quando na realidade são uma merda. Homens parvos e feios, espantados e cobicosos, nas mesas em volta olham enquanto como tremoçoos e bebo imperiais.
Aqui continua a chover. E estou a desmamar o Lexapro. Na vida há sempre uma razão para tudo. E tambem para jamais ter conseguido voltar a ouvir Elvis Presley sem ter uma enorme dor de barriga.

19.1.09

18.1.09

gatas e biscoitos Grobo

Pele tambem era boxeur nas horas vagas e o maior garanhao do bairro do Estacio, aquele imortalizado na cancao de Luiz Melodia, que ele curtia cantar pra todas minas que lhe entregavam a virgindade a troco dos ensinamentos basicos para uma vida perfeita de paralelismos, iluminados por sorrisos impecaveis aos domingos em meio aos bacanas das praias da Zona Sul. (Perdi-me no que queria escrever, mas o que interessa mesmo aqui e a cancao de tao linda, vao por mim.)

16.1.09

TIM MAIA

12.1.09

turbulencia

Lucinha tinha voltado da Europa havia uma semana. A digressao pelo velho mundo tinha-lhe sido sugerida por seu caridoso editor por temer que a sua saude mental descambasse de vez para regioes menos brancas. Assim ela gostava de pensar a dedicacao extrema a que era votada. De pensar e de colorir, pois era seu habito dar cores a cada estado de espirito, sendo que a felicidade para ela era sempre qualquer coisa muito perto da cor branca. A mesma cor que via quando se vinha, ao fim de muita contencao, tudo para fazer o prazer durar, todas as tercas e quintas aos pes do fulano mais excentrico do Leblon so porque a fazia lembrar um desenhista que conhecera num terrivel voo Lisboa-Kiev e que viria a saber depois, tinha um fetiche com cachecois.

11.1.09

De volta. A aquecer

Como a Cher a cantar Do you believe in love after love. Volto e tento blogar com sete quilos a mais. Sinto os dedos rechonchudinhos a bater nas teclas. Coisas de gaja. No problem, num instante isto vai ao lugar, como a Cher a cantar Do you believe in love after love, ou o Eric Lax a entrevistar o Woody Allen, gosto do som e estes quilos não me pertencem.

23.12.08

"Não é a mesma coisa foder de um lado ou de outro. Amar é igual; falar percebe-se; dizer é mais difícil do que contar. Nem o mar é como se vê; apesar de ser o mesmo. É tudo diferente. Mas aquele diferente bom, que dá para distinguir; que dá para perceber; que até dá para ser, durante um bocadinho, se se quiser.
Vestir e despir.
O romance de Mónica Marques, que se lê como se a vida conseguisse interromper-se para se ver, não é troca nem conciliação. Mantém a alma amada da distância e da vaidade e da tesão e do deslumbramento por atacado. É um livro de viagens entre ela e ela própria; entre ela e os outros; entre ela e nós, pela maneira como nos inclui e nos põe a ler.
Transa Atlântica é um livro onde se vai. É difícil sermos tão levados como ele nos leva. Não é só estarmos lá, no Rio, sem sairmos daqui. É sairmos daqui e não estarmos em lado nenhum senão para onde nos levam os enlevos e os enfados da autora. Sempre depressa. Sempre com graça. Sempre com uma verdade desconcertante.
O Rio é mesmo assim como ela diz. Para um português. Ou para um carioca. Ou para um português que acarioca, como nenhum carioca pode aportuguesar.
Nem tão-pouco o jogo entre um estado e outro e as viagens-relâmpago entre seres - estar aqui; ser aquela pessoa; estar cheia de saudades; ser feliz -é perigoso ou virado para si mesmo. Não. É uma vontade. É uma delícia.
É como viajar sem a chatice de viajar - e o que é mais raro e bonito - sem chegar a ser viagem; sem o pormenor monótono ou o exótico afastador. Todo o romance está unido por uma inteligente correria que não tem medo de nada - nem de sentir, nem de pensar, nem de dizer. E é muito bem sentido; muito bem pensado e muito bem dito.
Uma vez que se vá, já não se volta. Ou antes: já não se deixa de estar sempre a ir e a voltar. Ao Rio e a este romance encantador."
Miguel Esteves Cardoso
Texto de apresentação do Transa Atlântica
Lisboa, Dezembro 2008

Punks e Bloggers

Atrás destes blogs, há pessoas muito punk.
Blogues e Bloggers a quem devo alguma felicidade este ano.

10.12.08

mulheres

Antecipando outras coisas boas, hoje tenho o prazer de mostrar as minhas no fantabulástico E DEUS CRIOU A MULHER.
Obrigada Miguel, isto é um luxo, muito libertador e mais barato que o Zieger.

8.12.08

Vou para as Urgências

É uma grande desgraça não ter a mínima vontade ou idéia. Não saber sobre o que escrever. Precisar de um descalabro amoroso.

1.12.08

No Sofá da LER

A falar de morcela que é uma coisa saborosíssima.

26.11.08

Transas all over Lisbon

Pronto. Já está em todas as boas livrarias. Se entrarem em alguma que ainda não tenha, descomponham o gerente, implorem aos livreiros, façam boa pub. Livro magnífico e tal, autora gira e tudo. Nesse ponto da conversa podem abrir o livro e apontar para a foto da badana, é esta gaja aqui. Esta gira que se foi para terras de belzebu e olhe lá o fantástico e exótico capítulo 60.
A sensação? Boa, mas esquisita. Não lhes consegui tocar. E na Fnac do Colombo estavam na prateleira da literatura brasileira. Deixei-os ficar, parecia que estava a abandonar umas crianças ranhosas. Foi esta a sensação, anoto para descrever ao Zieger no regresso ao Rio. Entretanto tenho andado muito calada e só falo no livro brrrg, mas depois de um pires de tremoços no balcão da cervejeira Lusitânia, do Vasco da Gama - mulheres portuguesas não jantam sozinhas, nem comem tremoços, fui ver o filme do genial Meirelles e saí de lá com a lagriminha no canto do olho. São tempos e dias de loucura em Lisboa, estes. A Moore também tem muito mais sardas do que eu.

25.11.08

Attention Please

Que não quero que vos falte nada. Já há Transas à venda na FNAC Chiado.

24.11.08

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Olha, olha!

20.11.08

Jaquinzinhos e descobertas moldavas

Penélope Charmosa
Não sei se gosto mais dos copos, se da ginjinha.
Dudu
Olá. Estava a olhar para ti.
Penélope Charmosa
(sem saber o que fazer ao caroço da Ginja) E eu para ti.
Dudu
(Desanuviando) Também, não há muito mais para onde olhar.
Penélope Charmosa
Costumava vir aqui com o meu pai. Almoçávamos no João do Grão...
Dudu
Eu fui almoçar ao João do Grão.
Penélope Charmosa
E agora, vais trabalhar?
Dudu
Não. Vou fingir que leio umas coisas, enquanto vejo mulheres giras na net.
Penélope Charmosa
Não entendi... Chamo-me Penélope.
Dudu
Eduardo. Penélope como nos desenhos animados?
Penélope
Sim. Mas o que é que tu fazes?
Dudu
Sou editor. Tenho uma editora chamada Formiga.
Penélope
Não conheço.
Dudu
Pois. Só edito autores desconhecidos. Adoro autoras moldavas.
Penélope
(rindo)Moldavas? Só moldavas? E isso vende?
Dudu
Sim. São bestialmente erotizadas. Queres outra?
Penélope
Pode ser. Vou para casa e preciso escrever uma coisa qualquer sexual.
Dudu
Uma mulher que bebe Ginjas deve escrever bem. Apesar de não ser moldava.
Penélope
Não sei. Nunca mostrei a ninguém.
Dudu
Tens problemas com a rejeição? Engraçado, as moldavas mandam as maiores porcarias e estão-se nas tintas para a rejeição.
Penélope
Deve ser cultural.
Dudu
Gostava de te ler. Sempre saía da rotina. As moldavas têm muitos pelos.
Penélope
Tens algum descontrolo? Pareces ser daquelas pessoas que precisam tomar lítio toda a vida.
Dudu
(Gargalhando) Acho que te vou editar.
Penélope
Eu? No meio das moldavas e numa editora chamada Formiga?
Dudu
Gostas de Jaquinzinhos fritos?
Penélope
Adoro.
Dudu
Então amanhã almoçamos?

14.11.08

um segundo cálice antes de

Voltemos então ao lugar onde deixámos Penélope Charmosa e Dudu: Encostados ao balcão de mármore um bocado encardido, mas bastante estiloso da ginjinha do Rossio. Ainda sem terem trocado uma única palavra, embora seja essa a vontade dos dois. Isso nós sabemos que já vimos muito, mas queremos ainda ver mais e por isso aqui vamos ficando, o tempo que for preciso, talvez medido à distância de um segundo cálice, que estas coisas são mesmo assim.
E ela falará porque embevecida com os olhos meigos de criança por trás das lentes, ele por nada em especial, ou simplesmente porque está sozinho há tempo demais e o decote de Penélope Charmosa lhe lembrou isso e o comoveu.

9.11.08


7.11.08

Penélope Charmosa

Penélope Charmosa tinha uma vida interior muito densa e um problema com a rejeição. E essas duas coisas juntas tinham feito com que chegasse ao ponto de ter 16 originais guardados no computador, que é a gaveta dos modernosos.
Até que um dia , quis o acaso (que quer sempre muito) cruzá-la com Eduardo, vulgo Dudu, no estranho porém acolhedor lugar escolhido pelo Mr. Chance: A Ginjinha do Rossio.
Dudu estava encostado ao balcão da casa, rodeado de africanos, com uns controversos óculos pretos que lhe davam o ar frágil e levemente intelectual dos solitários.
E a primeira coisa em que Penélope pensou enquanto saboreava a ginja do último gole foi, este homem não saberá dançar, mas acho que gosto dele. Isto pensou ela, mas não disse, é claro, que a idade tinha-lhe proporcionado a calma necessária para enfrentar situações como a que, com certeza, está para acontecer. Mas por hoje paramos por aqui. Pois, tal como Penélope, ando numa de fazer o prazer durar.

29.10.08

no lugar do morto

Era ao lado de Vergara. Definitivamente, era ao lado de P. Vergara que Max queria estar. E estava. Ali mesmo, sentada naquele BMW conversível cem mil quilómetros, que ele tinha ido comprar num lugar qualquer longe, longe, daqueles que só ele inventava.
Olhou em frente e viu as curvas e os sobreiros e ouviu muito bem a música que tocava no toca-fitas. Era ao lado dele. E estava ao lado dele e mais uma vez olhou em frente e sentiu-se feliz e porque se sentiu feliz, colocou a mão dela em cima da perna dele, que se distendia enquanto as mudanças iam sendo postas e não quis que aquele momento acabasse, ou que a casa para onde ele a levava chegasse, porque era um daqueles momentos perfeitos em que o cheiro, a música, as mãos, os cabelos, a cor da pele, as roupas e os cigarros se encarregavam de a fazer pensar que o passado não existia e o futuro também não.

minha gata, minha mina, minha namorada

28.10.08

a capa do meu vestido (very sentimental)

Saio da loja com o vestido dentro da capa azul, Slow Motion Bossa Nova. O Zieger ainda a matraquear-me o juízo, enjoy the moment, encerre essa culpa e até a coitada da Maria Madalena. Vou-me dar esse prazer, penso. E o sol do fim da tarde nos meus óculos escuros e as compras dos entregadores na portaria e o Seu Naelson à minha espera com o carrinho na mão. Pessoas na minha cabeça, enquanto arrumo os pacotes de leite semi-desnatado, as cebolas, o horrivel concentrado de maracujá, fala sério, pessoas que mal conheço e que generosamente me mandaram emails ou de olhos fechados - que ainda não sabem o que está lá dentro - postaram a capa do Transa Atlântica nos blogs que eu gosto tanto.
Beijos a todos. A ver se nos encontramos aí.

21.10.08

Think I'm gonna get me some happy


O livro é sobre o amor a uma cidade e uma ficção sobre mulheres de quarenta anos mais ou menos enlouquecidas. É sobre uma mulher que gosta muito do Philip Roth e do Miguel Esteves Cardoso e adora as novelas do Gilberto Braga e caminhar ao lado do Chico Buarque, no calçadão do Leblon. Uma mulher que não troca o Rio de Janeiro e o amor difícil de todos os dias por uma paixão brutal. Mas que fica a pensar nisso. Uma mulher muito parva e muito analisada também. Tanto que chega a dar a volta. Tem muito Freud, tem búzios, tem sexo, tem a dificuldade de escrever sobre isso e ficar sozinha. E voltar a escrever. Até descobrir que não há nada de novo para dizer. Só sentar à frente do computador e deixar o sangue correr. Na America chamam-lhe fist-writing . Mas os americanos inventam muito.
Visitar o fundo do poço, ah então é isto, e sair de lá à bruta. Muita conversa sobre livros muita síndrome de Zuckerman e um editor a quem o Harold Bloom chamaria um Anjo-Caído. É sobre viver entre o Rio e Lisboa. E poder gostar de duas cidades ao mesmo tempo. Como de dois homens. Ou, se quiserem, é um livro sobre patinação no gelo.
(Segundo o meu editor, estará nas livrarias na segunda quinzena de Novembro. E sim, tenho dormido com o livro em baixo da almofada.)

19.10.08

ontem, hoje e amanhã, diz o climatempo

(foto da Lagoa Rodrigo de Freitas, G1)