Um blog da diáspora blasée


22.3.06

Experiências com a ironia

O INTERFONE TOCOU E AVISARAM QUE O TÁXI já estava à espera. Desceu no social, rodeada de todos aqueles espelhos que sempre a deixavam desconfortável. Encontrou mais três rugas à volta da boca. Demasiados espelhos, demasiada iluminação para aquela hora do dia, para qualquer hora do dia, convenhamos. Lembrou as palavras incisivas do amigo, «tens imenso medo de envelhecer», e pareceu-lhe que não. Que até aqui o caminho tinha sido sem precalços e que por isso não haveria muito a temer.
Deu graças a Deus pela temperatura quase glacial que encontrou dentro do táxi e esperou que o taxista olhasse para trás interrogativo: «Pra onde madame?», displicentemente respondeu cheia dela mesma, «Pra Botafogo. Rua Madalena 65».
O pai, ainda sob o efeito de Dormonid, ansiava por um Ipod num quarto da Clínica Ivo Pitanguy.
Certas merdas são genéticas, como esta de não passar sem boa música...