Zonas de turbulência a atravessar, só para te ver, são praí umas quatro ou cinco num vôo de nove horas, cabrão, que não tens outro nome.
Por cima da Bahia é sempre uma desgraça, fecho os olhos, conto até mil, mais duas horas até ao inferno do Equador, merda, com todos dentro do Airbus A 340, o caraças, sei tudo sobre os monstros onde me meto, e sobre os comissários que no meio da minha insanidade, insistem em fazer o seu trabalho, para que te chegue inteira ás mãos.
O que quero comer? Nada. O que quero tomar? Nada, deixem-me em paz! Os senhores devem mas é ser malucos, fazer vida assim, dentro deste tubo... Olhe lá, espere aííí, não se vá já embora, não acha que a asa não está bem?Repare no parafuso lá do fundo, parece um bocado solto, por amor de deus, faça qualquer coisa! Estas crianças? Estas crianças não são minhas, tome conta delas. Eu quero é ser acalmada pelo comandante. Por favor, não acha que me fazia bem ir ao cockpit? Não posso? Não deixam? Mas acha-me com aspecto de quê? E tu?, Tira-me deste suplício, onde estás agora, meu parvo, Amigo da Onça. No minimo devias estar a olhar bem para o teu lindo relógio de óptimo gosto e a contar, a contar bem, todos os segundos, minutos, horas que vais levar para me ver outra vez. Foi para isso que to dei. Para que quando te cansasses de não me ver, de não me chatear, de não me abraçar, de não teres ninguém, absolutamente mais ninguém, a quem dizer as merdas bruto-carinhosas que gostas de me chamar, na tua inesquecível verborreia jurídica, tenhas a certeza de que está na hora de me voltares a ver.
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