Um blog da diáspora blasée


6.8.07

Cara de portuguesa

Por exemplo, dizem eles, que eu nao tenho cara. Que nao, que nao pareço nada, que nao pode ser. Ora chegam ate a apostar que sou uma patricinha de Ipanema.
Garota que era bom, e eu queria, nao. Patricinha sim, uma reles beta. Uma triste beta. Uma filhinha de papai.
Entro na padaria e o padeiro nao me acha com cara de. Conheço outras pessoas e as pessoas nao me acham com cara de. Apanho taxis cujos taxistas se arrepiam todos assim que abro a boca. Nao perco o sotaque, mas nao tenho cara de. Andam desconcertados. Nunca viram. Acham que mulher portuguesa tem que ter algo que lembre a Senhora D. Carlota Joaquina, que nem era portuguesa, mas tinha cara de, ou puxar a Amalia Rodrigues que era linda, mas que aparece em algumas fotografias com, desculpem, algum buço.
Mulher portuguesa nao pode aparentar qualquer tipo de normalidade, ou tomar mais que um banho por semana. A mulher portuguesa deve ser horrivel e de certeza povoa as fantasias, mais secretas, de brasileiros que gostem de mulheres com pelos.
Portanto mulheres portuguesas, giras, modernas, siliconadas, ai que disparate, inteligentes, que nao sejam a macaca Shita do Tarzan... Venham. A luta e dificil, mas e nossa e eu estou cansada de reinar sozinha.
PS - Post em teclado sem possibilidade de acentos.