Um blog da diáspora blasée


25.11.07

Na barraca do Panela

Cheguei à praia, olhei do calçadão, desci os dois degraus frente à bandeira verde rosa (não sei se do flu, se da Mangueira) veio o Panela.
Oi gata, Oi Panela, Cadeirinha gata? Cadeirinha, Panela. Despi o vestido, que dobrei em cima das havaianas, ao lado da cadeira. Tirei a canga da sacola. Arrumei os fios do biquini, prendi os cabelos e finalmente sentei-me a ler, o dicionário Houaiss. É que nunca se sabe quando um "intelectual" poderá aparecer. Ali fiquei incapaz de me concentrar, em tão puxada leitura, já que duas sapatonas giríssimas chegaram a seguir. Li quarenta vezes a definição de tesão, totalmente concentrada na barriga da que estava deitada ao meu lado e que eu via por trás dos óculos Ray-Ban.
Desconfiadas, não é normal nem para mulheres do Leblon, ler o Dicionário Houaiss da Lingua Portuguesa, na praia, levantaram-se e foram no mar. Fiquei a olhar para a bunda da bonitérrima. Fechei o calhamaço e pensei: Meu Deus como eu odeio arte contemporânea, ainda está para chegar o gajo capaz de me convencer que "três cócós metidos dentro de uma lata é arte". Salvé grande Gullar.