Um blog da diáspora blasée


13.12.07

Um Natal Tropical

Vamos lá então, que sempre fui muito bem mandadinha e hoje, em terapia via google talk me aconselharam a postar sobre o natal nos trópicos. Acontece que não estou absolutamente imbuída do espírito natalício. Não sei o que é um Natal longe do Centro Comercial Colombo, da Fnac a abarrotar, do Ikea em Alfragide. Do frio, meu deus, do frio. Das discussões familiares sobre quem vai buscar o Leite de Creme da mãe, o Sericaia e a própria da mãe, a Massamá City, fazer o IC 19 às sete da tarde de 24 e depois deslocar-se, mais os quarenta sacos de presentes das crianças. Que não ajudo nada, que não faço nada, que ela ainda tem que se arranjar e tem o cabelo todo a cheirar ao açucar queimado do Leite de Creme. E além disso quem leva o Lombo de Porco que a sra. minha mãe é alentejana e se já telefonei aos meus primos que me queriam ver tanto e à tia Maria de Lourdes que nunca mais te viu e partiu a bacia, o que iria pensar o tio Leopoldo. Não podes ser assim, Mónica Maria, mas sou e acabamos sempre semizangadas na mesa da ceia, e passa lá o azeite de ladecos e assim.
Este ano meu nome é Gal e não faz mal eu amo igual, mas tou triste e não posso dizer nada. Incompreendida. Sabem lá os índios, o que custa passar o dia 24 a torrar na praia, de cara alegre e o dia 25 sem comer Roupa Velha e as farófias desfeitas e as intocadas fatias douradas da Avó Luísa, também ela brigada com a tia Rosarinho.
A Árvore de Natal está aqui ao lado, pindérica e falsa, com bolas compradas na Saara e fitas nojentas que aí, nem na loja dos chineses. O pé de côco na rua está todo iluminado e está lindo, ao som de uma versão samba do jingle bells. Ah e também não queiram saber a agradável sensação que se tem ao deglutir rabanadas debaixo de um sol de 40 graus.
E agora riam, que nem a cabeleireira que há em mim (plagiada, Sofia) consegue achar graça alguma a isto.
PS- nunca comam uma coisa que os estúpidos dos italianos pra qui trouxeram e que eles todos acham o máximo, porque é italiana e não portuguesa, mas que se atira às paredes e sabe a esponja: o panetonne.