Voltar a casa. Sair do avião e levar o encontrão do bafo de calor úmido. O cliché do cheiro a terra. Mas há um cheiro a terra. E também há o cheiro inconfundivel a merda, da Baía de Guanabara, de que falava Sérgio Vieira de Melo. E não é para todos o cheiro a merda. É só para os eleitos, os esquisitinhos hão-de fugir logo, em busca de lugares mais fáceis. Que tal a Sardenha? Um dia hei-de gostar da Sardenha. Hoje preocupo-me com questões mais triviais como o caso do tapa-sexo de quatro centímetros da passista, que caiu durante o desfile. Menor que um band-aid. Voltar. Despir a Europa. O fardo da Europa, sai tudo enquanto descalço as botas, arranco as camisolas e pullovers aos miúdos, tiro as calças e por fim calço as havaianas, ao fim de quinze dias. Vocês não podem saber o que isto é. Dormir depois e acordar com o som do pássaro maluco que me desperta a partir das seis da manhã. Acho que é sempre o mesmo pássaro.
Espero ser activamente espancada, da próxima vez que me queixar.