Talvez fosse bom começar falando de sacanagem. Sobre o que é um tapa-sexo. Mas não descalço as Havaianas desde que voltei de Lisboa. E infelizmente ainda não sou íntima desse outro acessório. Lá chegarei que já não sou mocinha e atravesso uma fase bem resolvida. Daquelas de tudo experimentar, privately, que um “simancol básico” nunca fez mal a ninguém. Obrigada Danuza.
Este é um descarado tributo ao chinelo. Até porque ainda não escrevinhei o suficiente para calcorrear crónicas em cima de Jimmy Choos – nesse caso desconfio, nem estaria aqui, nem vejo ninguém à minha volta de Jiminhos. Thank dog, (estou muito estúpida, sim)
Um problema, o olho grande, (isto tb não tem nada a ver, mas é para não esquecer que tenho que voltar ao OLHO GRANDE)
Foge-me o pé para o chinelo. Por acaso agora está descalço, mas foge. Foge muito. E Não queiram saber, que não é bonito, é desregrado e cria inimizades. Mas retomemos as Havaianas. Umas tiazorras muito queridas e assim, que me visitam. Foi aí que eu vi. A loucura das Havaianas, vendidas no Harrods em Londres, a preços pornográficos. Mas quem anda de Havaianas em Londres, deus do céu? Perguntei.
Ah, sabe lá a menina, aqui metida nos baldios da dengue.
Em frente. Umas tiazorras que chegaram aqui abaixo e sairam de cá, nos seus vôos Tap, as malas cheias de Havaianas. O interesse é comprar Havaianas. Onde é que há Havaianas? Esse bem precioso e eu sei lá, malucas, malucas, malucas, que as há em todo o lado, desde o talho em Ipanema, à farmácia mais mixuruca do Leblon, o indigente que acabou de passar por ti, tinha umas giras, viste? Não querem antes vir comigo à Travessa? Ver um show de chorinho? Vamos ver a bagunça da Sahara, comprar biquínis a dez reais? Sim, sim, sim. Mas temos que levar trinta e cinco pares de havaianas, não sei quantos 40-41 para o Rodrigo, o Arnaldo, o Bastos e o Tózé (estranharam os nomes, não é? Mas é mesmo assim, que tenho que disfarçar os textos), mais quatro 20-21 para a Giovanna, a Vânia, o Gabriel e o Yuri, ai desculpem, a Francisca, a Rosarinho, o Joãozinho e o Santiago. Santiago é nome de filho de artista de novela, mas é giro, portanto também merece uma havaiana no pé.
É que tratei logo de começar a receber pessoas - e como eu gosto de pessoas, olaré - oferecendo um par a cada um, que sou uma mãos largas e a acção benemérita ajuda a baixar o nível de exigência dos visitantes, um golpe baixo. Mas a vida também está cheia de golpes baixos. E todos adoram um agrado, não custa nada. O que é bom, porque depois posso alegar justa causa e não acompanhar ninguém, quando querem visitar pela qüinquagésima vez a Vista Chinesa. Até porque é difícil ofenderem-se de chinelo no pé.
Mais fácil um assalto, que naquele lugar, sei não, e afinal as tiazorras, mesmo de chinelo, têm gravado na testa em letras garrafais: GRINGA, Vem ni mi qui sou facinha.
Final: As Havaianas devem ser usadas até apodrecerem. Quanto mais velhas, mais estilo. Por velho entenda-se, terem a borracha gasta e nelas se poder vislumbrar as marcas dos dedos dos pés. Vai ficando uma sombra, sim.
Devem ficar justas, ou ser compradas um número abaixo para se ficar com um bocado do calcanhar de fora. Só os portugueses as compram como se o pé fosse ainda crescer muito.
Se tiver bom senso, não vai querer parecer tuga em lugar nenhum do mundo, principalmente se na contramão, estiver um grupo de madeirenses em férias.
Havaianas são para ir à praia, ou para andar em lugares de onde se possa ver o mar. Havaianas não são para ir ao centro da cidade ou sair à noite, a não ser que queira ser assaltado, ou ir à boite LeBoy , porque sim, porque está no Rio e lhe apeteceu uma fantástica experiência gay. Neste caso vá e seja feliz.
Havaianas com salto distinguem as pessoas de mau, das de bom gosto. Não queira ser alta para ir à praia. Assuma-se. Relaxe e goze que de Havaianas também é bom.