Escrevo de janela aberta para este Outono quente do Rio e só por isso consigo ouvir o que os fulanos do segundo andar do prédio, do outro lado da rua, estão a ouvir. E é isto o que estão a ouvir. Levanto-me e vou espiar-lhes a alegria à janela. São novos num bairro de famílias e velhotes. O meu vizinho de baixo, um pedante de nome Danemberg, que gosta de não ter avós portugueses deve estar fulo. Fico contente com isso. Resolvo pedir um combinado especial de salmão e atum. São 23:50. Ontem tive saudades dos meus amigos, no entanto aí em Lisboa ninguém me levaria atum e salmão a esta hora, a casa. E os vizinhos da frente não estariam tão felizes, abrindo e fechando a geladeira, que resolveram colocar ao lado da janela, na parede principal da sala.
Um blog da diáspora blasée