Um blog da diáspora blasée


18.6.08

O lenço do Buffon e a nova Livraria Guimarães

NÃO HÁ ASSUNTOS QUE NÃO POSSAM SER LIGADOS. Caso do lenço com que o Buffon tem aparecido em campo e a renovada Livraria Guimarães, em Lisboa. Do lenço gosto. Da livraria não. O Buffon tem estilo, sabe que tem estilo, que é bom, que parece saído do Padrinho para a baliza da squadra azzurra. Pode. O Buffon pode e tem cara de quem pode e sabe que pode. Por exemplo, se o Ricardo aparecesse com aquele lenço e estrelasse uma de suas saídas em falso seria hilário. Por isso ao Ricardo não é permitido o uso de um lenço. Mas ele sabe, coitado. Ao Ricardo, não é permitido sequer abrir a boca, que fala fininho e nos lembra imediatamente que vamos ser submetidos a vários ai jesus de cada vez que os boches amanhã se lembrarem de marcar bem um pontapé de canto. Bem e a livraria? Aquela livraria é uma espécie de Ricardo de lenço. Uma coisa em bicos de pés. Uma coisa que quer ser o que não é. As peruas da Vieira Souto, que têm estatuto, mas não têm cultura e são bacocas no deslumbre pela Europa, iam achar chiquerésimo, tanto lustre, tanta pena, tanto candelabro a fingir de antigo e ainda por cima com livros.
Mas, infelizmente, os livros não interessam nada ali. São peanuts. Ali interessa o pode alguém ser quem não é. A imagem que o dono da nova Guimarães nos quer impingir dele do seu novo status. Livros como naturezas mortas para poucos, lugares ostentatórios e armados ao pingarelho. Quem serão as pessoas normais que terão a coragem de se sentar naquelas poltronas azuis e brancas tão obsessivamente alinhadas, sem pensar que o que se vai seguir é uma reunião de accionistas maioritários do BCP?
Algum ente querido devia dizer-lhe que faz uma triste figura de emergente intelectual ao atar assim o lenço do Buffon ao pescoço. É para isso que serve a família.