Penélope Charmosa tinha uma vida interior muito densa e um problema com a rejeição. E essas duas coisas juntas tinham feito com que chegasse ao ponto de ter 16 originais guardados no computador, que é a gaveta dos modernosos.
Até que um dia , quis o acaso (que quer sempre muito) cruzá-la com Eduardo, vulgo Dudu, no estranho porém acolhedor lugar escolhido pelo Mr. Chance: A Ginjinha do Rossio.
Dudu estava encostado ao balcão da casa, rodeado de africanos, com uns controversos óculos pretos que lhe davam o ar frágil e levemente intelectual dos solitários.
E a primeira coisa em que Penélope pensou enquanto saboreava a ginja do último gole foi, este homem não saberá dançar, mas acho que gosto dele. Isto pensou ela, mas não disse, é claro, que a idade tinha-lhe proporcionado a calma necessária para enfrentar situações como a que, com certeza, está para acontecer. Mas por hoje paramos por aqui. Pois, tal como Penélope, ando numa de fazer o prazer durar.