Um blog da diáspora blasée


17.3.08

três ou quatro profs

Pus os fones nas orelhas. Mau sinal quando preciso pôr os malditos fones nas orelhas.
Deixo a crônica que já tinha pronta de lado e faço força para ver se me lembro de alguma coisa sobre o assunto premente. E só consigo pensar no meu professor de ginástica. Era ele no ginásio do Colégio São Cristóvão, ao lado da Igreja de Benfica e o Dr. Mundinho em Ilhéus,Bahia . Não havia nada que se lhes comparasse.
O meu Doce Vampiro tinha umas barbas, meu deus que não me consigo lembrar do nome dele. O que me ensinou? Uns golpes de Judô e uma sensação de borboletas na barriga, importantíssima para o meu futuro. Aquela que me fazia ficar e arrumar os tatamis e querer continuar a arrumar tatamis a vida inteira. Uma felicidade.
Também me lembro da professora que me ensinou a ler, que é uma coisa que acho toda a gente se deve lembrar. A cartilha João de Deus e o apontador. Acho que não me apaixonei por ela, mas gostava do sobrinho, o JP. Cabelos pretos lindos. Como dizia minha mãe, um cabelo à pagem perfeito, e que acima de tudo estimulava a minha aprendizagem. Queria sempre ter a letra mais perfeita de todas.
Ainda hoje adoro caligrafias. Acho que tive casos só com a caligrafia de certas pessoas.
Depois à professora da quarta classe, dava florzinhas, escrevia cartinhas e prometi ser a madrinha dos meus filhos. Ou pelo menos do primeiro. Não foi. Mas, lembro-me, lutei para ser a preferida dela com unhas e dentes. E fui.
Infelizmente não me recordo de mais nada até à faculdade, a não ser da minha especial inapetência para a Matemática, fomentada por professores a quem atirávamos giz na escola secundária de Benfica, mas isso devia ser porque vivíamos nos arrabaldes, em meio à ciganada.
Bem e vendo bem, dessa altura, também me lembro de dois professores de Filosofia e uma de Inglês. A de Inglês pelo penteado inacreditável e o ar totalmente enjoado com que nos olhava. Mas coitada, não devia ser para aquilo que lhe pagavam. Os dois de Filosofia, porque a um mostrei uns poemas horríveis e púberes e ele coitadinho teve a lata de dizer que eu deveria continuar, risos. E o outro porque me fez elaborar um trabalho sobre a influência de Kierkgaard nos filmes de Woody Allen. Mérito dele, portanto. Que despertar petulâncias destas, é o melhor que se pode fazer a uma gaiata de dezessete anos.
Na faculdade não me lembro de ter professores. Só fogueirinhas de vaidades ambulantes que, na maioria das vezes, mais não faziam que desdenhar os alunos nas provas orais. Eu cá não sentia nada que tomava cinco Valdisperts para agüentar a cagança.
Enfim, é mais ou menos isto e talvez nem estejam interessados, mas os tatamis eram verde musgo.