Um blog da diáspora blasée


30.6.08

Aquela batida do violão (isto está quase uma novela)

VOLTEI AO ESTACIONAMENTO COM O TICKET NA BOCA, just in case – conseguia encontrar os tickets de estacionamento – naquele humor sem precedentes e nem por instantes pensei, como era meu costume, que tanta felicidade só podia descambar num acontecimento de proporções catastróficas. No carro enquanto ajeitava os espelhos, achei que ao contrário de todas as amigas que, nitidamente, estavam um bagaço e eram exploradas na banca, eu continuava nos trinques. Ele iria gostar de me conhecer, a maluquice não é coisa visível a olho nu.
Levantei o assento à minha vontade, girei a chave na ignição, liguei o ar condicionado, acendi o rádio e fiquei sintonizando-o calmamente, até encontrar uma música decente. Parei na JB FM imediatamente fulminada com a coincidência – atentem que tudo eu achava serem acasos e coincidências, sinais divinos para prosseguir no meu objetivo - de estar a tocar Retrato em branco e preto.
Aquela sensação boa que uma música de que gostamos muito pode provocar em nós, paradoxalmente de reconhecimento e de espanto, logo me atingiu, não como um soco, mas como um calor qualquer, vindo de algum lugar do cérebro que o Damásio saberia reconhecer, mas eu não. Recordei um Verão muito especifico, no Alentejo e uma paixoneta antiga que (achei) ainda não era bom lembrar.