Minha avó materna nunca trabalhou e adorava ler as Selecções do Readers Digest. Casou com Zé Espiga, negociante de azeite, em Vila Viçosa. Tiveram duas filhas. Minha Mãe e minha Tia, que mandaram estudar para colégio de freiras em Lisboa. Em Lisboa minha mãe conheceu meu pai, num prédio cor-de-rosa na Alameda. Meu pai - filho querido de Luísa, nascida na Golegã que atravessava Lisboa inteira a pé, antes de se casar, para ir a casa das senhoras finas provar os chapéus que lhes fazia e de Eugénio Marques, o Severo - estudava no Liceu Camões, na altura em que minha mãe estava nas freiras.
Meu avô trabalhava na TAP, era director e isto tinha muita importância porque foi assim que levou minha avó a Paris às Follies Bergere. Meus pais casaram na Igreja S. João de Deus, em Lisboa, após nove anos de namoro, desculpem-me o eufemismo, mas é porque falo deles - em estado de pureza total. Foram passar a lua-de-mel à Madeira e voltaram para o apartamento na Rua do Uruguai, a Benfica, ao lado da Pastelaria Carripana e da Frutaria do Sr. Silva. Talvez inspirados pelo ambiente classe média da Estrada de Benfica, fizeram-me. Passei a ficar muitas vezes em casa da porteira Lili, cujo filho gostava de criar rôlas num puxadinho do prédio...
Meu avô trabalhava na TAP, era director e isto tinha muita importância porque foi assim que levou minha avó a Paris às Follies Bergere. Meus pais casaram na Igreja S. João de Deus, em Lisboa, após nove anos de namoro, desculpem-me o eufemismo, mas é porque falo deles - em estado de pureza total. Foram passar a lua-de-mel à Madeira e voltaram para o apartamento na Rua do Uruguai, a Benfica, ao lado da Pastelaria Carripana e da Frutaria do Sr. Silva. Talvez inspirados pelo ambiente classe média da Estrada de Benfica, fizeram-me. Passei a ficar muitas vezes em casa da porteira Lili, cujo filho gostava de criar rôlas num puxadinho do prédio...