FIZ, EMBALADA PELA MÚSICA, sem pensar uma vez sequer em balas perdidas, toda a linha amarela, via rápida que margeia o Complexo do Alemão. Só encontrei um bocado de trânsito no Túnel Rebouças e nos sinais junto ao Jockey, na Lagoa, onde não há o perigo das balas, mas a insistência dos pivetes, lavadores de vidros. Meti a bolsa verdadeira debaixo do banco e tirei do porta luvas a bolsa do ladrão. Mulher prevenida vale por duas.
Em vez de passar em casa e deixar o carro na garagem, ou talvez porque ainda estivesse pouco à vontade para deambular a pé pela rua, fui direta à João Lira e estacionei em frente ao número 71, bem onde o Flanelinha me fazia sinal. Observar o movimento dentro do carro seria melhor.
Precisei de uns bons minutos para me acalmar e conseguir abrir o vidro para pagar ao garoto preto, do Rio Rotativo, os dois reais que me permitiam ficar por ali.
Além de nervosa, sentia-me culpada. Gustavo ainda não tinha levantado vôo e eu já o driblava. Foi a custo que o atendi e despachei o mais depressa que pude, quando ligou já de dentro do avião, para se despedir. Como era nosso hábito.