Um blog da diáspora blasée
29.9.08
26.9.08
Vá, invejem.
25.9.08
Olhos de ressaca
NÃO FAZIA A MÍNIMA – naquela altura já era um produtor com nome feito no mercado – do porquê daquela fantasia exótica de organizar um evento em que o objetivo era colocar um bando de anormais a ler Machado de Assis, em voz alta, por oito horas seguidas.
A rotina, ou talvez a falta de uma razão para viver. Só podia. Estava assim, desde que Duda o atirara para escanteio, como ela, tão linda, lhe dizia sem dó nem piedade, ao som de todos os cd´s de Martnália, que ele comprara para lhe agradar.
As noites tinham ficado sem graça. E os dias, rodeado de mulheres portuguesas, sem cintura, tornavam-no um homem ressentido. Queria a paixão. Mesmo que ela lhe tivesse mentido com todos os dentes branqueados, que tinha trazido na boca, da última viagem ao Rio. Tão linda, tão linda, tão linda outra vez. Estava cego na luz dos seus dentes e pedia-lhe, nesses tempos sem vergonha, Sorri para mim, Duda, vá lá. E depois acabavam a rir muito daquela estupidez. E era esta a Maria Eduarda de todos os poderes e mais os daquele seu santo, que o deixava totalmente desnorteado. A ponto de organizar maratonas literárias, usando o nome do mulato carioca como pretexto, só para ver se ela aparecia, talvez com saudades do tempo de escola em que, obrigada pelo excelso ministério da educação, aprendera a dizer adeus a todos os seus namorados com olhos de ressaca.
24.9.08
O mar estava a puxar
Em Agosto havia o Alentejo, as praias do Alentejo com ondas e mar gelado, lancheiras com sandes de Panrico e sumo de laranja Tang que gostava de preparar para as crianças, como sua mãe havia feito para ele e seus irmãos, nos verões da sua infância.
Vasco gostava de coisas simples carros desarrumados e sujos. Mas tinha um problema para resolver e então olhava para os pés e lá estava o problema. Enterrava o chapéu de sol azul na areia e sentava-se na cadeira de lona amarela da praia, tentando descobrir alguma coisa interessante para ler nos vários cadernos do Expresso. E lá estava o problema. Besuntava as crianças com protetor solar e o problema ficava-lhe incrivelmente colado às mãos. Depois da praia, comer ameijoas estava fora de questão e isso é que era mesmo uma chatice, porque adorava os moluscos.
Poderia nunca mais lhe ligar. Mudar o número de telefone.
Em dias de grande alucinação mental achou até que a salvação era finalmente concorrer ao MNE e sair de Portugal. Mas depois sabia por algum acaso, um ou outro cheiro, que continuava apaixonado por ela. E achava que a víbora, com certeza, lhe apareceria também no Uganda, nas bolhas de moet, ele distraído em algum beberete, vendo pretas de lábios giros e rodeado de pretos soberbos e corruptos. Talvez se tentasse a Estónia. Ela nunca lhe apareceria na Estónia. Vasco mergulhou e quando voltou à superfície agarrou-se a uma rocha com muita força, porque o mar estava a puxar muito. Mas infelizmente, ainda teve tempo de pensar nela.
23.9.08
Oversexed again
22.9.08
17.9.08
Blomia Tropicalis
14.9.08
Fantasmas
13.9.08
12.9.08
11.9.08
9.9.08
Belzebu
Hoje estou lembrando de Érica, porque ainda sei quem sou e ela era linda – imagino que ainda seja uma mulher interessante – e eu queria muito saber como era uma mulher e quando a vi chegar me deu uma sensação ótima de bem estar e calor e as borboletas que ainda hoje não consigo nem quero muito descrever mas que nunca tinha sentido perto de homem nenhum, nem de João, meu marido e o amor de minha vida.
Isto foi quando já estávamos no Rio ia fazer uns dez anos e a cidade parecia-nos cada vez mais maravilhosa e as balas traçantes no Vidigal em dias de tiroteio, vistas da praia do Leblon também ajudavam. E nós já fazíamos aquele jogo que todo carioca faz de perguntar pro outro, qual a cidade não-Rio, que você mais gosta no mundo? E a minha era Nova Iorque e no shortinho preto da Érica estava escrito New York e quando ela passou por mim para ir sentar com as amigas um pouco mais à frente eu vi as letras brancas no bumbum dela.
Não sabia se o que tinha gostado mais nela era o sorriso lindo e os cabelos queimados de sol, ou o bumbum dela, ou o jeito dela. E não consegui desatar o nó. Essas coisas acontecem na gente com uma rapidez de belzebu e quando damos conta já estam lá o desejo e a vontade e a solução para os dois. Então saboreei mais um pouco minha água de coco gelada e deixei-me ficar a olhar pra ela. Muitas são as coisas diabólicas que passam na cabeça de uma mulher de quarenta anos.
(para a Érica Mader, com as minhas desculpas)
8.9.08
6.9.08
Jornal velho
Lúcia foi ficando coisa nenhuma. E também perdeu o gosto pelos livros que só sabiam falar de amor, mesmo quando não falavam.
5.9.08
SushiLeblon Delivery
Raimunda
3.9.08
2.9.08
Achamento
Na vida, quando se acha alguém assim, vai-se ficando.