Um blog da diáspora blasée
31.8.07
30.8.07
29.8.07
As Mini-Peruas
Sasha, a filha de Xuxa, fez nove anos esta semana e eu, nas minhas caminhadas Ataúlfo de Paiva pra cima e pra baixo, pensando nela. O gerúndio aqui faz todo o sentido. Não é queda para Roberto Leal, que já disse que sofro de muitos males, mas desse, de imitar sotaque brasileiro, fujo como um diabo dos alhos. Penso sim, muitas vezes, nas Sashas, nas Vitórias, nas Thaís, nas Rebeccas, nas Grazielis da vida, peruínhas potênciais, gatinhas de nove anos, ensinadas a gostar, pela mão de mães gostosas e gastosas, da instigante exposição do brinco ouro star da H. Stern.
Não é uma gracinha, esta sandália de oncinha. Dizia, outro dia, uma mãe adulta, culta e que considero. Claro que não me conhece como deve ser. Se não saberia que perguntar-me uma coisa destas equivale a propôr-me lições de oboé. A peruíce é a minha praia, mas devo ter feito uma cara tão esquisita que nunca mais me convidou para nenhum programa. Não fui suficientemente feminina. Pela minha falta de feminilidade quando comparada com as locais, a minha rica filha passa os dias de ténis ou de Havainas, único calçado sem saltinho e sem ser rosinha disponível. Mas é uma dor. E não estou certa de onde este meu regime taliban a levará, tadinha, que às vezes, tinha todo o direito de se mascarar de Rapunzel, Cinderela ou Branca de Neve. Mas, já viram a Rapunzel? Não consigo, não consigo. Uma mini-perua em casa seria o mesmo que ter-me casado com uma mulher de pelos púbicos ruivos.
Claro que tudo isto se tratava com algumas sessões de análise. Não tivesse o dinheiro acabado de ser estapafurdiado em inacreditável viagem a Lisboa para ir ver os Police.
Não é uma gracinha, esta sandália de oncinha. Dizia, outro dia, uma mãe adulta, culta e que considero. Claro que não me conhece como deve ser. Se não saberia que perguntar-me uma coisa destas equivale a propôr-me lições de oboé. A peruíce é a minha praia, mas devo ter feito uma cara tão esquisita que nunca mais me convidou para nenhum programa. Não fui suficientemente feminina. Pela minha falta de feminilidade quando comparada com as locais, a minha rica filha passa os dias de ténis ou de Havainas, único calçado sem saltinho e sem ser rosinha disponível. Mas é uma dor. E não estou certa de onde este meu regime taliban a levará, tadinha, que às vezes, tinha todo o direito de se mascarar de Rapunzel, Cinderela ou Branca de Neve. Mas, já viram a Rapunzel? Não consigo, não consigo. Uma mini-perua em casa seria o mesmo que ter-me casado com uma mulher de pelos púbicos ruivos.
Claro que tudo isto se tratava com algumas sessões de análise. Não tivesse o dinheiro acabado de ser estapafurdiado em inacreditável viagem a Lisboa para ir ver os Police.
27.8.07
Os camaradas do presidente
"Nesta segunda-feira (27), o Supremo decidiu processar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares por corrupção ativa".
Para quem não saiba, ex-ministro da Casa Civil é assim uma espécie de Primeiro Ministro. Era o PM do Lula. E mais não digo, que ainda me tiram a residência permanente e não tenho vontade nenhuma de ser recambiada, como fizeram com os pugilistas cubanos. Pior, eram capazes de me dar uma lata de sardinhas com a cara do Chavez como refeição a bordo e tudo.
Para quem não saiba, ex-ministro da Casa Civil é assim uma espécie de Primeiro Ministro. Era o PM do Lula. E mais não digo, que ainda me tiram a residência permanente e não tenho vontade nenhuma de ser recambiada, como fizeram com os pugilistas cubanos. Pior, eram capazes de me dar uma lata de sardinhas com a cara do Chavez como refeição a bordo e tudo.
nesse desânimo
"Que ninguém se engane: o Brasil é isso mesmo que está aí. A saúde melhorou, a educação também e aos poucos a infra-estrutura se acertará. Mas não vai haver nenhum espectáculo do crescimento, nada que se compare à India ou à China. Continuaremos nessa falta de entusiasmo, nesse desânimo".
Fernando Henrique Cardoso, entrevista a João Moreira Salles, Piauí.
Fernando Henrique Cardoso, entrevista a João Moreira Salles, Piauí.
23.8.07
Do pessimismo antropológico
O balcão do Sushi Leblon onde acabo de tomar saké com partículas de ouro. Não sem antes ter ido comprar gotas para o nariz do filho de Vera.
foto:V.C.
21.8.07
Amores Expressos
Estou como hei-de ir: dependente e viciada. Neste momento há blogs sem os quais não vivo. Ou sim, vivo. Mas vivo mal, esquálida, deprimida, igualzinha àquelas mulheres que tomam bolas para emagrecer. Como S. Sebastião: amarrada à espera das flechadas alheias. Cada post que não escrevem, logo uma angústia se apodera de mim. Onde estarão estas pessoas, porque desaparecem sem mais nem menos? Como sobrevivem sem um teclado ao lado? Os piores são aqueles que nem dizem nada. De humores, aparecem e desaparecem por dá cá aquela palha. Isso não devia ser permitido. Um blogger em férias deveria ser imediatamente afastado. Meu Deus, neste momento tenho bloggers, desgarrados, em tudo que é lugar. Tenho até bloggers a empreender viagens imaginárias. Loucos, obsessivos. Aliás, os meus bloggers preferidos são todos saudavelmente malucos. Mas estou tão fora de mim que os trato a pão de ló. Visito-os policiadamente para não parecer desesperada, não os procuro jamais e raramente os linko. Tudo para não levantar suspeitas. Olhem lá, atenção!!! Há uma louca no Brasil... Sabem como é e como as coisas correm na blogosfera. Não ia ficar bem. Faço-me linda, ponho-me em bicos de pés, escrevo só mentiras. Não tenho dúvidas de que sou a outra na vida deles. Deixo que me visitem às escondidas, espiada no sitemeter. Submeto-me a sevícias. Tenho ciúmes dos blogs que eles linkam, das private jokes, dessas coisinhas. Admito. Estou terrivelmente apaixonada por todos eles. Tenho um com quem vou ao cinema, outro com quem maldigo o Lula, outro com quem leio, outro para quando quero viajar, outro que me dá idéias, outro com quem vou dançar, outro com quem faço análise, outro com quem sobrevivo à segunda adolescência. Agradeço-lhes, enfim e finalmente, a possibilidade do poliamor.
19.8.07
18.8.07
Eu tinha esta coisa atrás de mim, de ter que ir à Rocinha. Como uma cruz. Ter que conhecer um habitante da Rocinha, que me levasse lá. Ir ver a selva, porque não me venham com filantropia.
Vesti-me para um safári. Ainda mudei de roupa três vezes, e das três acabei como se fosse para o Krueger. Verde azeitona. Comprei um bolo para levar. Fomos de Van. Espreitei a Escola Parque, no caminho, onde os meninos dos artistas aprendem, antes de tudo, a pegar num pincel. Interessa-me a Escola Parque, se bem que quando há tiroteio, não.
Preocupou-me, quando cheguei, não saber onde iria almoçar. Seis pessoas não cabiam na sala. Subimos à lage. Vi São Conrado ao fundo. Vi a Pedra da Gávea e três fulaninhos para aí de quinze anos, passeando de fuzil no ombro. A coisinha de cartão postal acabou. E o Zé Carioca concerteza já não mora aqui.
Vesti-me para um safári. Ainda mudei de roupa três vezes, e das três acabei como se fosse para o Krueger. Verde azeitona. Comprei um bolo para levar. Fomos de Van. Espreitei a Escola Parque, no caminho, onde os meninos dos artistas aprendem, antes de tudo, a pegar num pincel. Interessa-me a Escola Parque, se bem que quando há tiroteio, não.
Preocupou-me, quando cheguei, não saber onde iria almoçar. Seis pessoas não cabiam na sala. Subimos à lage. Vi São Conrado ao fundo. Vi a Pedra da Gávea e três fulaninhos para aí de quinze anos, passeando de fuzil no ombro. A coisinha de cartão postal acabou. E o Zé Carioca concerteza já não mora aqui.
17.8.07
16.8.07
15.8.07
Mau no amor
Dizia-me o Joaquim Ferreira dos Santos lá em Paraty, (como é bom começar tão vaidosa com o Joaquim) que não há nada melhor para fazer boas crónicas do que a falta de assunto. Que há até crónicas inteiras sobre a questão. Que no caso o melhor é sentar e ir puxando pontas. Eu estou sem assunto e não vejo pontas. Fui até tomar um cafezinho maquiado ali ao Armazém do Café, na Rita Ludolf , para ver se acordava algum assunto premente.
Infelizmente acabei apenas por despertar a fome com dois perigosos e compulsivos brigadeiros do Colher de Pau.
Enquanto comia li a Cássia Kiss contar que tem bulimia e é bipolar e deu-me uma enorme vontade de ser a Mulher Samambaia, da Playboy deste mês. Tão linda de cara quanto de bunda e que por isso não é Raimunda.
Também achei bonita a capa da Rolling Stone com o Caetano lá dentro falando do seu Nescau e da problemática do fim do amor. E do fim do amor eu não sei nada, cachorra babada, acho muito bem o que Nelson Rodrigues escreveu a respeito. Amor que é amor não acaba, é eterno.
Mas não sei, não sei. Uma grande chatice, estamos cá para ver, inclusivé Vasco M. Barreto, desculpe a intimidade Vasco, estou só a encher chouriços em exercício de umbiguismo habitual e tenho para mim que é um ser pretensioso, pois deixe eu também sou. O que o fará já descartar a hipótese de me considerar. Mas arrisco que a propósito disto, deve-se ir já ali para o Le Boy, em Copacabana, dançar convulsivamente ao lado da Vera Fisher isto, (mas tem que ser ao lado da Vera Fisher).
Após o que foices, martelos e outras armas brancas serão o mínimo. Porque qualquer mulher normal se deve transformar numa Catarina Eufémia, quando abandonada. Se não, não passará de um homem.
Sinto que a minha patetice podia continuar por mais umas linhas, até porque agora lembro de outra conversa na sacada da varanda do Lux, em Lisboa, que vinha bem apropósito. Sim, quando estou em Lisboa, eu e os meus frequentamos o Lux. Mas, por hoje, vou poupar-vos de tamanha maçada. ( duas palavras da moda num só parágrafo, viram?)
10.8.07
Cada um é para o que nasce
Como possivelmente já terão reparado, comecei a ler livros realmente interessantes. Após o que resolvi passar a dedicar-me, sem esforço de maior e se tiver juízo, apenas a coisinhas leves, algumas corridas entre o Arpoador e o Leblon, muito úteis no quesito mente sã em corpo são, ou a elaborar listas de compras do mercado, que entregarei enjoada a quem de direito.
Outras obviedades antes do fim de semana. Faz sol, um ladrão fugiu pela janela da delegacia, no Leblon, imediatamente após ter sido preso, Bethânia vai cantar no Canecão e eu vou falhar mais uma vez, os 15 restaurantes japoneses da Dias Ferreira preparam menus especiais para os próximos dois dias, imaginam-se churrascos nas coberturas da Rocinha ao Leblon, a minha vizinha avisou que vai dar uma festa, portanto provável que ninguém durma esta noite e as crianças não irão depois da escola, ao futebol de praia. Pelo simples motivo de que o mar levou os gols.
Outras obviedades antes do fim de semana. Faz sol, um ladrão fugiu pela janela da delegacia, no Leblon, imediatamente após ter sido preso, Bethânia vai cantar no Canecão e eu vou falhar mais uma vez, os 15 restaurantes japoneses da Dias Ferreira preparam menus especiais para os próximos dois dias, imaginam-se churrascos nas coberturas da Rocinha ao Leblon, a minha vizinha avisou que vai dar uma festa, portanto provável que ninguém durma esta noite e as crianças não irão depois da escola, ao futebol de praia. Pelo simples motivo de que o mar levou os gols.
9.8.07
" O perfeito casal exige uma vítima. Tanto faz que seja o marido ou a mulher. Não importa. O que importa é que cada qual viva o seu papel. A vítima terá que comportar-se como vítima, sem discutir a própria função e o próprio destino. Por sua vez, o algoz há-de ser eternamente o algoz. Se os dois observarem essa coerência, a união chegará as bodas de prata, de ouro e continuará no Céu ou no Inferno, sei lá."
Nelson Rodrigues, O Globo 1968.
7.8.07
Vamos Comer Caetano
Eu dei um beijo na boca dele. Bem sei que faz tempo, que ja o vi outras vezes e que em muitas dessas outras vezes ele passou ombro com ombro, e fingi nao o ver. Uma muito carioca forma de estar. O mundo a acabar-se, o coraçao a saltar pela boca, ele a passar e a portuga engasgada, armada em blasee, o coqueiro providencial para nao desabar. Em que outro lugar o calor provoca arrepio. Mas ate o Jabor, hoje, na coluna, fala das maravilhas de um encontro com Antonioni. Sejamos Imperalialistas e que o Chico Buarque de Hollanda nos resgate cheque-mate. Incrivel. Eu dei um beijo na boca do Caetano Veloso. Poesia Concreta. Chiclete com Banana. No Coliseu dos Recreios de Lisboa, ali as Portas de Sto. Antao. Tres ginjas do Eduardino, ainda o Eduardino vendia ginjas em copos de vidro. Faz tempo. O relogio Cartier dele na minha mao, esquecido no microfone, no palco. Ele na minha frente. Eu finalmente dentro do angulo de visao do Caetano, no camarim. Viva Iracema, Viva Ipanema. Que tudo mais va pro Inferno. A centimetros dele e a olhar-lhe para os pes, estupida, que ha coisas que nunca mudam e ele tinha uns All Star e faz hoje 65 anos.
Haviam de ter visto a cara da Eugenia Melo e Castro.
6.8.07
Cara de portuguesa
Por exemplo, dizem eles, que eu nao tenho cara. Que nao, que nao pareço nada, que nao pode ser. Ora chegam ate a apostar que sou uma patricinha de Ipanema.
Garota que era bom, e eu queria, nao. Patricinha sim, uma reles beta. Uma triste beta. Uma filhinha de papai.
Entro na padaria e o padeiro nao me acha com cara de. Conheço outras pessoas e as pessoas nao me acham com cara de. Apanho taxis cujos taxistas se arrepiam todos assim que abro a boca. Nao perco o sotaque, mas nao tenho cara de. Andam desconcertados. Nunca viram. Acham que mulher portuguesa tem que ter algo que lembre a Senhora D. Carlota Joaquina, que nem era portuguesa, mas tinha cara de, ou puxar a Amalia Rodrigues que era linda, mas que aparece em algumas fotografias com, desculpem, algum buço.
Mulher portuguesa nao pode aparentar qualquer tipo de normalidade, ou tomar mais que um banho por semana. A mulher portuguesa deve ser horrivel e de certeza povoa as fantasias, mais secretas, de brasileiros que gostem de mulheres com pelos.
Portanto mulheres portuguesas, giras, modernas, siliconadas, ai que disparate, inteligentes, que nao sejam a macaca Shita do Tarzan... Venham. A luta e dificil, mas e nossa e eu estou cansada de reinar sozinha.
PS - Post em teclado sem possibilidade de acentos.
3.8.07
15 Minutos
Uma mulher do mundo, uma mulher do mundo, uma mulher do mundo, uma mulher do mundo, uma mulher do mundo... Gostará, tanto assim, de morcela?
Com um abraço para o Pedro.
Do prazer de ser emigra
Ou do gosto de trazer chouriços escondidos na bagagem. Mas falar assim em chouriços logo no título podia chocar os 48 leitores deste blog a banhos no Algarve, ou num qualquer ônibus do eixo Rio-São Paulo, que o brasileiro pode bem ser um feriado, mas de parvo não tem nada. Para bom entendedor meia palavra basta, escrevo sem óculos, vamos em frente que se faz tarde, ou como diria a ministra, "relaxa e goza". Gozemos, então. Acabados de aterrar no Tom Jobim, vôo TP 177. Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro, e toco, o que é melhor ainda, depois de batermos excessivas palmas ao comandante.
Altura de esperar, à base de ansiolíticos, que as malas apareçam na esteira e diligente dirigir-me candidamente aos medonhos fiscais do aeroporto, com as ditas cujas a abarrotar de farinheiras, chouriços de sangue, morcelas da Beira, queijos da Serra, bacalhau e vinho tinto.
Ah mas você pode fazer isso sem que eles desconfiem! Você passa bem, porque não tem cara de portuga! Diz-me o dono do Talho Capixaba, charcutaria mais chiqui do Leblon, lá do alto da sua imensa cara de portuga.
Altura de esperar, à base de ansiolíticos, que as malas apareçam na esteira e diligente dirigir-me candidamente aos medonhos fiscais do aeroporto, com as ditas cujas a abarrotar de farinheiras, chouriços de sangue, morcelas da Beira, queijos da Serra, bacalhau e vinho tinto.
Ah mas você pode fazer isso sem que eles desconfiem! Você passa bem, porque não tem cara de portuga! Diz-me o dono do Talho Capixaba, charcutaria mais chiqui do Leblon, lá do alto da sua imensa cara de portuga.
Aceito sociedade.
2.8.07
1.8.07
Afinal de cá não vão só as putas
Finalmente um restaurante em Lisboa, onde os empregados não sofrem de transtorno bipolar, nem têm qualquer apetência para amesquinhar os clientes.
Subscrever:
Mensagens (Atom)